Hoje pretendia assistir ao filme ‘Capitães da Areia’, de Cecília Amado – baseado na obra homônima de Jorge Amando -, contudo, o horário que consultei na internet estava errado, chegando ao cinema percebi o erro do site e decidi ver outro filme. Uma das lições do dia foi não confiar plenamente na internet, mas este não é o objetivo deste texto. Vamos a ele então.
Ao invés da leitura cinematográfica da obra literária vi o filme ‘Amizade Colorida’, protagonizado por Justin Timberlake e Mila Kunis e dirigido por Will Gluck (quem ainda não viu o filme pode continuar a ler sem receios, não vou revelar nada de relevante do enredo da história).
O filme tem uma marca bem explicita: um grande apelo tecnológico-comunicativo. Em outras palavras; as pessoas – embora não majoritariamente – se comunicam através de dispositivos móveis e da internet, misturando a palavra escrita e falada com imagens e vídeos. Uma forma bem contemporânea e real de interação interpessoal. Apesar disso há um contraste a este mundo virtual em uma cena, que imagino eu, passa despercebida. Falo do momento em que é apresentado um álbum de fotografias da infância de um dos protagonistas da história.
Talvez não tenha ficado claro a ideia, então vamos a mais palavras. O álbum é de fotografias antigas, mas não só no sentido de serem do passado daquele personagem, mas também no sentido tecnológico do mundo. Aquelas fotos foram tiradas por máquinas fotográficas analógicas, reveladas em laboratórios químicos e guardadas no referido álbum de capa dura.
Isso representa o que somos hoje, uma geração de transição. Num curto espaço de tempo o mundo se modificou radicalmente. Nós temos fotos de infância em álbuns parecidos com aqueles do filme, tiradas com câmeras analógicas, pesadas e, hoje, retrogradas. Mas as fotos do nosso último aniversário estão salvas em nosso HD, algumas editadas no Photoshop e outras que foram tiradas e excluídas na própria máquina no dia da comemoração.
Percebem agora a situação? Não nascemos em “berço tecnológico”, fomos apresentados a estas inovações já num estágio relativamente avançado em nossas vidas, algo que não acontece com a geração atual, que cada vez mais cedo já tem contato com computadores, celulares, Ipads e outros aparatos michoshipados inventados pelo homem.
Mas será que isso é bom ou ruim para a humanidade? Hoje é impossível responder, mas sendo essa geração de transição teremos um papel importante no futuro. Um dia seremos as pessoas que terão a maior consciência de como foi a vida isolada da tecnologia como também seremos testemunhas de como esta mesma tecnologia modificou o desenvolvimento dessas novas gerações; nos permitindo até a audácia de fazer um julgamento se isto foi positivo ou negativo para o mundo.
A partir desta análise e de ações poderemos mudar os rumos do futuro, tendo em vista como foi nosso passado, mas para isso é preciso nos atentar a nossa vida hoje, essa vida entre o passado e o futuro.
Potter Ramsés